No último domingo me lembrei dos meus domingos do final da década de 80 e início dos 90 - os meus domingos com Ayrton.
Já fazia tempo (anos, com certeza) que não assistia a um Grande Prêmio de Fórmula 1 do início ao fim... quis dar uma chance ao Rubinho. Não porque ele tivesse obrigação de vencer - corrida e campeonato - mas a luta pela sua vitória me parecia justa e emocionante depois de quase ter se aposentado.
Confesso que também assisti ao GP por culpa. Nunca dei uma chance ao Rubinho. Sempre fui fã de Ayrton Senna desde os tempos da Lotus... mais dele do que do automobilismo.
Via a corrida com os olhos grudados na TV, torcendo por uma entrevista após seu término - adorava vê-lo falar... a timidez, no início... a segurança, que adquiriu com o tempo, nas explicações de algum acerto ou porventura deslize. Eu o adorava.
Num domingo, dia de corrida, uma amiga me convidou para sairmos... como assim??? (hello!!! dia de corrida é sagrado!). Não sei por quê eu fui, realmente não me lembro. Acho que ela havia acabado de obter sua carteira de habilitação... acho que foi isso... seria a nossa primeira saída com o novo documento e seu pai havia emprestado o carro. E então saímos.
E sabe onde ela me levou? Era dia de GP do Brasil em Interlagos... e ela me levou até lá ( até onde era permitido chegar, ok! eu admito) e disse: ninguém nunca te deixou tão perto do Ayrton como eu.
Essa foi só uma das inúmeras coisas "fofas" que ela fez por mim.
Eu tenho, desde criança, um filme favorito - Laços de Ternura (Terms of Endearment, 1983, James L. Brooks). Eu sempre que o vejo choro, quase do início ao fim. Um dia, essa amiga me deu uma fita (VHS, gente, eu sou velha!) com o filme gravado direto da "sessão da tarde"...tempos depois me deu o livro, ela era assim... gostava de me ver feliz... era a pessoa que mais me compreendia nos anos difíceis da adolescência (no meu caso, os anos da escola técnica).
Quando ocorreu o acidente em Imola, ela foi a primeira pessoa que me ligou, ainda no domingo, para saber como eu estava.
E nesse domingo de GP do Brasil, no meu "retorno às pistas", lembrei-me do Ayrton. E lembrei-me dela.
Embora o tempo e as circunstâncias da vida tenham nos afastado, ainda sinto o mesmo carinho por ela.
E o rótulo de "minha melhor amiga", como a gente diz quando criança, reservo só para ela.
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