domingo, 30 de agosto de 2009

Outra sobre cinema

Estava com a vida tão corrida que me esqueci de comentar: assisti ao Ensaio Sobre a Cegueira, de Fernando Meirelles. O filme é ótimo. Estou louca para ler o livro.
E o making of que está passando na rede Telecine também é muito bom. Do que somos capazes se nos tiram o chão? Até onde vai a nossa civilidade? São algumas das questões lançadas pelo filme.

E gostei como cinema, também - a luz, os enquadramentos, tudo contribui para contar a estória. Existem livros que descrevem a cena tão ricamente que a imagem está lá, traduzida em palavras no papel. Não sei se o livro do Saramago faz isso, de qualquer forma a sensibilidade do diretor fala mais alto quando decide como filmar (vide Anjos e Demônios e aquele "estrago" de filme - lembro que quando li o livro há quatro anos, falei pro Mô - isso vai virar filme, o roteiro está aqui. Mas cada um interpreta o que lê de uma forma, né?).
Simplesmente adorei o filme do Meirelles.

E na onda veja o filme e leia o livro, agora estou louca pra ver Tempos de Paz, que é baseada na peça do Bosco Brasil, Novas Diretrizes em Tempos de Paz. E vou ler o texto também, já descobri no Submarino.
Na próxima semana devo estar em Sampa e devo ver o filme. Comento aqui depois.

Divã - O filme - I

Assisti ontem ao filme Divã, com a Lília Cabral.
Assustadoramente me identifiquei demais com a personagem principal, mulher de 40 e tantos anos, casada a outros tantos, com dois filhos. Detalhe: acabei de fazer 34 anos, não tenho filhos e moro há dois anos com meu namorado (ok! namoramos há 12 anos, a estória toda tem 15, enfim...) - então como posso me identificar tanto com a personagem???
Ainda estou processando isso dentro de mim, então vou deixar meus comentários sobre a estória para a postagem Divã - O filme - II, com a missão de esclarecer o porquê de ter ficado tão perturbada com o filme. Prometo.
Mas vamos ao que interessa - é um filme bem divertido. Indico!

Saia Justa - Lei Antifumo

No Saia desta semana tive uma revelação: Mônica Waldvogel também é fumante. E, como todos nós fumantes do Estado de São Paulo, se sentiu excluída da sociedade saudável dos não-fumantes.
O exemplo dado pela jornalista do momento de percepção da vida dura que nos aguarda foi o aeroporto. É um lugar que realmente "pede" um cigarro: durante a espera da partida, a espera da chegada de alguém, entre um café e outro uma tragada ia bem. Ia, pretérito imperfeito. Hoje não vai mais. E olha que há muito não se fuma nas aeronaves (eu realmente achava absurda a separação dos assentos fumante/não fumante no mesmo espaço enfumaçado) mas como não fumar antes da partida ou chegada ou antes de entrar no táxi (sim, porque nós fumantes civilizados não fumamos no táxi). E a jornalista pintou um quadro surreal da situação - o fumante fora dos domínios do aeroporto, ou seja, fora da projeção da marquise externa, sob chuva ou sol escaldante com o seu cigarrinho na boca. Não foi exagero, passei por situação semelhante há alguns dias.

Há duas semanas precisei ir a Ribeirão Preto por conta de um curso. Fui de ônibus. O trajeto São Carlos-Ribeirão é feito em pouco mais de uma hora e meia. Na volta tive de esperar três horas para retornar a Sanca (o final do curso não bate com os horários da linha). Era de se esperar que eu fumasse um cigarro neste período, não é? Depois de ler, fazer palavras cruzadas, jogar Sudoku no celular, ouvir rádio, teve uma hora que tive de sair para fumar. E aí começou meu desespero. Procurei por uma área sem o já famoso mapa paulista com a inscrição - É proibido fumar neste local. E qual não foi minha surpresa quando descobri que fora da rodoviária, na calçada, não havia um só pilar sem a placa de aviso - É proibido fumar neste local, ou seja, também é proibido fumar na calçada, no passeio público. Resolvi minha situação atravessando o estacionamento descoberto da rodoviária e parando numa pracinha suspeita. Assim que parei e acendi o meu prazer fui abordada por 3 rapazes me pedindo "um" emprestado (como se empresta cigarro?) quando era óbvio que preferiam estar fumando outro tipo de cigarrinho - preconceitos à parte, foi uma constatação baseada em observação visual e olfativa. Logo disponibilizei cigarro e fogo aos meus companheiros de fumaça. O que poderia ser medo pelo local onde me encontrava e pelas companhias logo se transformou em solidariedade - sinto-me tão transgressora quanto eles, já que o tabaco se transformou em substância proibida. Sim, isto é fato e não exagero. Bem falou ontem no programa Betty Lago - cigarro está proibido, mesmo sua venda sendo permitida e seus impostos bem arrecadados pelo governo.

Todos concordamos que fumar é prejudicial à saúde, que é preciso uma certa civilidade (como ponderou Marcia Tiburi no caso do cigarro) para se fazer uso de qualquer vício: assim como fumar à mesa é muito desconfortável para quem está na mesa ao lado, presenciar cenas de bebedeira quando se está sóbrio é um saco. Aí poderiam dizer que estou exagerando - ninguém tem a saúde prejudicada pela bebedeira da mesa ao lado. E eu responderia - tem gente que em vez de perder a saúde perde a vida por conta da bebedeira alheia; e olha que não estou falando só do perigo de motoristas alccolizados mas daquelas brigas que ninguém sabe como começou mas acabou no hospital. Exageros à parte é muito chato ser policiado por suas escolhas.

Há muito tempo fumo somente em locais abertos. E a minha definição de local aberto parece ser diferente da do governo. Porque calçada é um local aberto. Assim como varanda de bar. Nunca fui daquelas que fogem para a escada de incêndio fumar escondido; se preciso fosse, descia para fumar. Agora é preciso descer e sair de baixo das marquises ou como se diz na minha área, sair da projeção das marquises e ir às ruas para acender um cigarro.
Tomara que quando sairmos às ruas aproveitemos para nos manifestar contra essa lei absurda e outros tantos desmandos dos nossos tempos.

P.S: O governo de São Paulo tem um portal sobre a lei antifumo. E logo no início vem o slogan:
Lei Antifumo
Agora é lei. É proibido fumar em ambientes fechados de uso coletivo em todo o Estado de São Paulo.
Gente! Então o problema está na definição de ambiente fechado!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Natureza Morta

Ontem fomos eu e Mô assistir à peça Natureza Morta, texto de Mário Viana, monólogo interpretado por Anna Cecília Junqueira com direção de Eric Lenate na Casa do Médico, aqui em Sanca.
O texto foi livremente inspirado na tela Natureza Morta ( A Assassina) de Edvard Munch.
O autor literalmente viaja na tela e se infiltra na personagem feminina do quadro - a assassina - dando voz a seus devaneios. É uma conversa entre a assassina e o pintor que retrata a cena. Como bem definiu o diretor ontem, no debate pós espetáculo, a peça é uma montanha-russa de sentimentos.
O que no início me pareceu a justificativa de um ato impensado, a conversa da personagem com o pintor imaginário me fez pensar, posteriormente, numa morte metafórica. Suas palavras me pareceram muito mais uma justificativa para si mesma sobre o fim de um relacionamento do que um homicídio - sabe aqueles pensamentos que nos martelam após tomarmos uma decisão importante, que vêm e vão e vêm novamente e ficam e mudam e somem e voltam, aqueles pensamentos que ordenamos que sumam para nunca mais voltar mas retornam e nos fazem refletir sobre nossos rompimentos?
Logo agora, após meu aniversário, onde pude refletir (e muito!) sobre as minhas próprias escolhas e os rompimentos que fiz por conta delas, deparo-me com essa bela peça.
E o debate pós espetáculo foi também muito interessante. É sempre bom lembrarmos como somos diferentes, como percebemos o mundo de forma particular e única, cada questionamento/depoimento sobre a peça mostrava isso claramente.
Enfim, foi um bom programa.
O diretor disse que após uma semana, por experiência com amigos, as impressões sobre a peça mudam.
Se qualquer novidade surgir nessa minha mente inquieta, eu aviso.

P.S.: Parece que teremos mais eventos desse tipo aqui em Sanca. É só acompanhar o Paracatuzum.