Este ano me inscrevi em tudo que me pareceu interessante: curso de desenho, ciclo de debates sobre artes, pós em arte, e ainda me enfiei numa turma de ginástica num parque público aqui de Sanca (São Carlos, SP).
Às vezes, morando numa cidade grande, num ritmo de vida mais acelerado não temos tempo de viver tudo o que a cidade nos proporciona. Já moro aqui há dois anos e só agora resolvi me dar essa oportunidade - conhecer a cidade.
De tudo que me propus a fazer só a pós é paga e não se realiza na cidade. Tudo mais é gratuito e de fácil acesso à população. Fiquei particularmente impressionada com a ginástica - professor de educação física, material de apoio (pesos, colchonetes, essas coisas), aulas diárias. Não que nas cidades grandes (minha experiência é em Sampa e Rio) isso não ocorra...mas temos que garantir logo a vaga porque a procura por essas atividades costuma ser grande. Lembro de participar de sorteio após a inscrição para poder fazer natação no Ginásio do Ibirapuera, isso nos anos 80. Aqui consegui entrar na turma de ginástica após o início das aulas.
O bom desses cursos, além de seus conteúdos, claro, é a oportunidade de conhecer gente da cidade...Novos contatos...Novas estórias...Eu me senti um peixe fora d'água aqui, mesmo com a recepção calorosa dos amigos do meu marido. Mas são amigos dele, né? Apesar de ter construído algumas boas amizades na rede dele sentia falta de conhecer gente...Não sei se dá pra entender...
Em que não se fale de construção, de arquitetura, mas sim do dia-a-dia...Se aprende tanto com as conversas sobre o dia-a-dia.
O bom nesses contatos também é a diversidade das pessoas...de todas as idades...de várias realidades de vida diferentes...vindos de vários lugares do País...só no sábado conheci duas cariocas na pós...uma inclusive fez facul no mesmo prédio que eu, na EBA do Fundão...
Lembrei da dona Olga...
Na época da facul ficava ente Rio e Sampa...Numa dessas viagens de ônibus conheci dona Olga...de Recife...estava viajando com a filha e a neta e se sentou ao meu lado...conversamos a viagem inteira, as seis horas de viagem, sobre tudo. Tudo mesmo. Ela me contou sobre a sua vida, a viuvez que não a abateu, ouviu as minhas estórias sobre as minhas inseguranças pós-adolescência ...lá pelas tantas comentou sobre a minha roupa. Achava-me muito nova para me vestir toda de preto...disse-lhe que adorava preto, não me vestia assim sempre, mas adorava a cor. Então ela me falou, quase pedindo desculpas, que devia me vestir de cores alegres, vivas, que isso valorizaria a cor de minha pele...Perguntou se eu usava vermelho. Respondi - nunca...
Não achava que me caía bem...na verdade achava que chamaria muita atenção...
Sei que, depois de seis horas de viagem, cheguei ao Rio ou em Sampa, não me lembro mais quem era o destino, quem era a origem, enfim, comprei uma hering vermelha - básica...
E realmente, salve dona Olga, sinto-me o máximo de vermelho...
Naquela viagem não foi sobre vermelho que aprendi - foi muito mais...não sei nem explicar mas teve muita importância para o momento que passava na época.
E como me lembro cada vez mais das conversas com a minha avó "Glantina". Discordávamos em quase tudo, eu pensava, mas hoje quase todos os dias lembro-me de um ditado, um ensinamento falado por ela. Mas isso é estória para outro dia...
E salve dona Olga!
Parabéns pelo Blog e pelas belas palavras!! Você continua escrevendo muito bem!!! Bj
ResponderExcluirObrigada...vindo de uma pessoa que me conhece tanto é um grande elogio!
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