segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Mais uma campanha antifumo?



Não... Finalmente assisti ao
É Proibido Fumar (2009)
de Anna Muylaert.


Não sei bem o que esperava do filme. Sabia das ótimas críticas, dos prêmios recebidos, mas não lera muito a respeito do que se tratava o filme.


Então, quando acabou e eu fiquei frenética, querendo conversar, trocar idéias, percebi que estava diante de bom cinema.

Aí me veio a curiosidade de ler os diversos comentários publicados. Há análises muito boas na rede que me acalentaram (?!!) o coração. Indicarei dois sites no fim do post, mas alerto que contêm spoilers.

Ao acabar o filme minha cabeça só pensava "como assim???".

A história é simplesmente construída: mulher que mora sozinha elege o novo vizinho como futura conquista. Há tanta coisa, porém, contida nessa simples frase.

Destrinchando o que foi dito, a partir das primeiras imagens que surgem no filme, poderia completar: professora de violão que dá aulas em seu próprio apartamento, solitária, acomodada, capaz de brigar por um sofá herdado de uma tia, resolve colorir sua vida com envolvimento com vizinho músico e logo descobre que ele, como todo ser humano, tem passado - entendendo passado aqui como os ex que nos acompanham a existência: ex-namorado, ex-amante, ex-marido - e no caso dele uma ex-mulher que fazia um salmão no forno melhor que a nossa protagonista.

A partir dessa simplicidade que está ao alcance de todos nós, desenrola-se o filme que fui assistindo como mais uma comédia romântica (que bom, era o que eu estava precisando, filme do tipo menina-conhece-menino-e-se-apaixona) até que uma reviravolta é imposta e eu comecei a ficar tensa esperando o desfecho do ocorrido. Foi bem legal.

O que também me agradou muito no filme e parece ser um recurso recorrente do bom cinema nacional foram as participações especiais de qualidade: a família Abujamra como vizinhos, Marisa Orth como a irmã bem-sucedida, Lourenço Mutarelli como o corretor.

Aliás as cenas do corretor mostrando o apartamento vizinho são engraçadas... ele numa "animação" ao mostrar as qualidades do imóvel... e quando a personagem de Pitty (também em participação especial) comenta ter percebido um cheiro estranho no apartamento e ele na maior inocência diz não ter olfato? Quem nunca conheceu um corretor "cara de pau" que atire o primeiro óleo de peroba.

Os personagens principais são defendidos pela sempre excelente Glória Pires e pelo titã-ator Paulo Miklos que não faz feio perto da grande atriz.

A trilha sonora é legal e ajuda bem a compor as cenas - há uma discussão sobre a superioridade ou não de Chico Buarque sobre Jorge Ben Jor bem típica de início de relacionamento.

Depois de digerir o que assisti, percebi que gostei do filme porque contando uma história simples ele me sugeriu duas ponderações:
  • o amor cúmplice que se forma em todo casal, conscientemente ou não - o que na realidade pode ser uma cumplicidade que te faz crescer ou que te sufoca,
  • a noção de certo e errado que me é muito cara - sempre sou rotulada de certinha e isso me aborrece um pouco, mas estou trabalhando para aceitar o rótulo, fazer o quê?
Acabou o filme e eu fiquei pensando...

Enfim, recomendo!

Comentários sobre o filme nos sites Filmes Polvo e 50 anos de Filmes.

Entrevista com a diretora Anna Muylaert na Academia Brasileira de Cinema.


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